domingo, 18 de julho de 2010

Venda do Anglo para a Abril escancara viés mercadológico na Educação

A famosa rede de ensino particular Anglo, que abrange cursos de educação básica e pré-vestibular, foi adquirida na última segunda-feira pelo Grupo Abril. Único sistema de ensino que ainda era controlado pelos descendentes dos fundadores, a venda do Anglo traz à tona uma problemática muito mais profunda que a simples troca administrativa. Trata-se, primordialmente, do escancaramento do viés mercadológico na Educação que a empresa dos Civita sempre defendeu em suas publicações e que agora pode ser colocada em prática.

Ainda que os atuais administradores tenham permanecido no comando das operações, a Abril será detentora de fato das unidades físicas da rede e das parcerias junto a inúmeras escolas atendidas pela metodologia e pelas apostilas do Anglo em todo o Brasil. Dessa maneira, o grupo passa a concentrar um forte conglomerado no ramo da educação privada, já que irá agregar a nova aquisição à rede SER e às editoras de livros pedagógicos Ática e Scipione.
Apesar de divulgar em nota oficial que "a transação reforça o compromisso da empresa com a melhoria da qualidade de ensino e seu comprometimento na área de educação", a Abril está de olho nos lucros e no grau de influência político-social oriundos da transação. São estimados R$500 milhões de faturamento para 2010 com a criação desse conglomerado, isso sem contar os mais de 200 mil alunos que terão sua formação baseada em materiais desenvolvidos pelo mesmo grupo que publica a revista Veja. Ainda segundo os Civita, a intenção é de alcançar a “liderança no mercado”.
Nota-se, pelos termos empregados no processo de compra, que os projetos pedagógicos e o tratamento da Educação como instrumento de inclusão social ficaram em segundo plano nesse e em diversos outros empreendimentos semelhantes do ensino particular no país. Reforçam essa percepção os resultados de um estudo da Consultoria Hoper, que prevê movimentação de R$2,5 bilhões para os próximos dois anos em aquisições e fusões. Números atraentes para investidores de todo o mundo, incentivadores da fórmula de obtenção de ganhos em larga escala e que marginalizam as fortes demandas dos estudantes por políticas públicas no setor.



Com informações de O Estado de S.Paulo.

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